EPISTEMOLOGIAS E PEDAGOGIAS MUSICAIS DECOLONIAIS: CIRCULARIDADE DOS SABERES
Dia 07 de dezembro
Hora: 17hs as 18hs30
Mediadora: Dra. Magali Kleber
Monitora: Ms Kyoko Arai
Harue
Nasceu em São Paulo, mas chegou com 1 ano e 4 meses de idade em João Pessoa. Considera-se nordestina de coração. É professora na Universidade Federal da Paraíba há 27 anos. Possui graduação em Bacharelado em Música – Habilitação Piano pela Universidade Federal da Paraíba (1992), graduação em Bacharelado em Ciências Sociais e Jurídicas (Direito) pela Universidade Federal da Paraíba (1994), mestrado em Educação Popular pela Universidade Federal da Paraíba (2003) e doutorado em Educação Musical pela Universidade Federal da Bahia (2012) e doutorado sanduíche no Instituto Politécnico do Porto (IPP-Portugal). Tem especialização em Artes. Além de pianista (professora de piano em grupo), atua em 4 grupos musicais (Fulô Mimosa e na Orquestra Sanfônica Balaio Nordeste – sanfona –; Nação Maracatu Pé de Elefante e no Baque Mulher – movimento feminista de baque virado – tambor de maracatu). Pesquisadora na área de música e gênero, formação em etnomusicologia e educação musical, trabalhando suas interfaces. Nos últimos encontros da ANPPOM, coordena o simpósio temático em Música e Gênero. Líder do grupo de pesquisa MUCGES (Música, corpo, gênero, educação e saúde). Autora do livro: Diário de uma ritmista aprendiz. E atualmente é a representante do Fladem Brasil – seção Paraíba.
EPISTEMOLOGIAS E PEDAGOGIAS MUSICAIS DECOLONIAIS: CIRCULARIDADE DOS SABERES
Narrar uma história de vida musical representa discutir os próprios caminhos que se trilha e a visão de mundo que foi sendo moldado pelas vivências e observações; ora sinuosamente, ora aparentemente de modo sereno. De fato, circular, posto ser infinito de pretensões e motivações, impossível de ser vaticinado e que, inadvertidamente, retorna ao ponto inicial nunca do mesmo modo. Segundo Heráclito de Éfeso, um dos principais filósofos da antiguidade pré-socrática: “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários.” Trata-se de uma narrativa sobre a trajetória e as buscas epistemológicas e pedagógicas de uma professora educadora de música que, ao longo de sua carreira de música e musicista, compositora, professora de instrumentos e instrumentista/ cantora (piano, sanfona, tambor de maracatu, etc.), foi traçando uma história de militância e docência pelas questões de gênero, música, educação, contextualizando social e o politicamente contemporaneamente. Entendemos que a área de educação musical tem a premente necessidade de trazer à tona, em tempos do “novo normal”, questões que foram escancaradas de forma gritante. A ideia central é perceber em que medida questões tocantes a epistemologias do Sul, aos estudos de gênero (identidade de gênero) e racismo estrutural (para elencar algumas) aparecem no trabalho de pesquisadora da educadora musical; temas urgentes que serão discutidos através do evento da chegada de sua tese em educação musical sobre As Ganhadeiras de Itapuã a Marquês de Sapucaí. Homenageadas pela escola de samba Unidos do Viradouro, as mulheres negras desse coro popular foi a inspiração que levou à escola os títulos de melhor enredo (Troféu Estandarte de Ouro) e campeã das escolas do grupo especial carioca de 2020. Enfim, que aspectos, de fato, foram vencedores nesse desfile na Passarela do Samba.
SAÚDE DO MÚSICO
O assunto Saúde do Músico hoje já está incorporado aos programas de formação de músicos e educadores musicais mais renomados da Europa, EUA, Austrália , Canadá e em diversos outros países. Em alguns casos é parte obrigatória na formação de músicos e professores. Isso se deve ao reconhecimento da necessidade de diminuir a alta incidência de problemas mentais e osteomusculares relacionados à atividade musical demonstrados em estudos epidemiológicos publicados nos últimos 30 anos.
No Brasil, apesar de esforços individuais ou locais de profissionais das áreas da saúde e do ensino musical que continuam produzindo significativa pesquisa, este assunto ainda é considerado novidade e pouco difundido. Diferentemente dos países que desenvolvem e inserem orientações sobre a saúde do músico na educação musical ou na medicina do trabalho, pertinente ao caso das orquestras, por exemplo, no Brasil não existe uma associação nacional que mobilize projetos e eventos ou que unifique profissionais interessados e capacitados em uma ação para cooperar, pesquisar e difundir o assunto.
Atualmente, além da prevenção de problemas de saúde em músicos, especialmente através da elaboração de programas de preparação para a volta após um período significativo de diminuição da atividade musical, recentemente, as associações internacionais vêm se dedicando à pesquisa e à produção de protocolos informativos para a prevenção da disseminação do SARS-Cov-2 durante a atividade musical.
O 40o Festival Internacional de Música de Londrina é pioneiro em ofertar cursos que tragam informação e atividade preventiva especialmente para músicos e professores de música. Esperamos que esta importante iniciativa resulte em um maior interesse e contribua para uma futura solidificação da área no Brasil.
Carina Joly
Atualmente professora substituta de piano e teclado da Universidade Federal de São João Del Rei, Carina Joly é graduada em Música pela Unicamp, mestre e doutora em performance e pedagogia do piano pelas universidades Estadual da Pennsylvania e de Oklahoma nos EUA, além de ter se especializado em Fisiologia do Músico pela Universidade das Artes de Zurique (Suíça) e em Neuropsicologia pelo Centro de Diagnóstico Neuropsicológico de São Paulo. Seu grande interesse pela interdisciplinaridade e pela área da saúde influenciaram seus princípios pedagógicos, os quais incluem um grande foco na prevenção de problemas físicos como parte fundamental de sua técnica. Desde 2011, Carina Joly tem ministrado palestras, oficinas e masterclasses em eventos e instituições nacionais e internacionais propondo um maior embasamento em prevenção da saúde do músico para a área da pedagogia musical em conferências e instituições de ensino da música no Brasil, tendo se apresentado nos seguintes países: Peru, Alemanha, Suíça, Sérvia, Eslovênia, Turquia, Azerbaijão, Escócia, Dinamarca, Portugal, Canadá e Estados Unidos. Seu reconhecido trabalho na área de prevenção e saúde do músico resultou em 2014 no convite para integrar o comitê do Special Interest Group em Musicians’ Health and Wellness da International Society of Music Education (ISME) do qual é chefe desde 2018.
Débora Beckner de Almeida Prado Vieira
Debora Beckner, graduada em fisioterapia pela UNOESTE – 1984. Mestre em Postura_ Ciências da Reabilitação pela UEL .
Criando pontes entre projetos sociomusicais e o Festival Internacional de Música de Londrina.
Claudia Freixedas
Projeto Guri/Sustenidos (SP)
Cecilia Silveira
Projeto Orquestra Villa Lobos (RS)
Priscila Santana
Projeto PRIMA (PB)
Renata Jaffé
Projeto Grupo Pão de Açucar (SP)
Participação e Mediação: Magali Kleber
11 de dezembro
17hs as 18hs30
Criando pontes entre projetos sociomusicais e o Festival Internacional de Música de Londrina.
Objetivo dessa roda de conversa discutir as práticas e impactos da rede projetos sociomusiciais, tendo a participação por quatro representantes de projetos sociais _ Projeto Guri (SP), Projeto Grupo Pão de Açúcar (SP), Projeto Villa Lobos (RS) e Projeto PRIMA (PB), respectivamente representados pelas professores Claudia Freixedas, Renata Jaffé, Cecilia Silveira e Priscila Santana. O FIML tem o compromisso de engajar políticas públicas brasileiras de projetos sociais e desde 2015 propõe a participação de estudantes projetos mediante bolsa estadia, proporcionado a oportunidade de uma formação intensa que retorna para seus projetos e comunidades. A fundamentação conceitual está ancorada no conceito de “Processo Musical-Pedagógico como um Fato Social Total” (Kleber, 2006, 2013a, 2013b;); 2) o conceito de capital social (Bourdieu, 1983, 1986) relacionado às conexões dentro e entre redes sociais que é um conceito central em múltiplos contextos como negócios, ciência política, políticas públicas de saúde, educação e sociologia. Nesses cinco anos de implementação foi possível identificar as conexões e vínculos entre as práticas desenvolvidas e as aprendizagens com seus respectivos projetos, bem como foi possível ampliar a capacidade de compreensão de experiências significativas em partes e como um todo de forma sistêmica. Foi possível perceber que a efetividade das ações realizadas e a participação da diversidade de processos e também de protagonistas transitando por projetos sociais fortaleceram a rede entre os projetos gerando o compromisso de manter essa ação para os próximos festivais.
Claudia Freixedas
Claudia Freixedas – Superintendente Educacional da Sustenidos- Educadora musical e flautista doce. Mestre em Música na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de SP (ECA-USP – 2015). Especialista em Capacitação docente em Música Brasileira pela Universidade Anhembi Morumbi (2004). Graduada em Educação Artística com Habilitação em Música pela Universidade de SP (1991). Foi professora na Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA-SP), na Faculdade Cantareira (SP) e na Faculdade de Música FAAM-SP. Atua na formação de professores de música do ensino fundamental e infantil, além de ministrar oficinas sobre a prática e didática da flauta doce. Atua como flautista doce em grupos de Música de Câmara.
Renata Jaffé
Renata Jaffé é violinista, regente e professora. Abraçou a causa da educação musical em 1986 dando aulas de violino para crianças em São Paulo, e desde 1994 trabalha com o Método Jaffé de Ensino Coletivo de Cordas no Brasil, Argentina e Estados Unidos.
Há 21 anos à frente do Programa de Música & Orquestra Instituto GPA como Diretora Artística e Pedagógica, em 2017 iniciou um importante trabalho com a formação da Orquestra de Mulheres, da qual é regente – grupo formado por alunas do Método, que proporciona a experiência importantíssima de empoderamento feminino em sua própria formação.
Desde então, a Orquestra de Mulheres se apresentou no Museu da Casa Brasileira, no Instituto Tomie Ohtake, no clube A Hebraica, no Teatro Municipal de Santos, em eventos como o Festival Virtuosi no Recife, e outros pela diversidade como o Dia Internacional da Mulher e Prêmio Mulheres na Liderança.
Regeu a Orquestra Instituto GPA em variadas ocasiões como no Teatro Sérgio Cardoso, Teatro CIEE, SESC Santos, Ação do Coração, Teatro Nacional em Brasília, Sala São Paulo e fora do Brasil no Festival Iguazú en Concierto. Na Argentina, também esteve à frente da Orquestra Las Cuerdas em Mercedes.
Em 2018, participou do II Simpósio Internacional Mulheres Regentes em Montevideo, no Uruguai, em palestra sobre a formação e importância de Orquestras de Mulheres.
Em 2019 realizou uma semana de Workshops em Saint Louis, Missouri nos Estados Unidos, trabalhando com grupos orquestrais locais e Master Classes para os alunos individuais.
Iniciou seus estudos de violino com seu pai, Alberto Jaffé, com quem também aprendeu a didática do Método posteriormente. Ainda criança estudou na National Academy of Arts – Champaign-Urbana em Illinois, Estados Unidos onde participou de diversas formações orquestrais. Obteve o primeiro lugar no Concurso Nacional de Cordas de Juiz de Fora.
Participou do Festival de Inverno de Campos do Jordão, Curso de Férias de Teresópolis, Vulcan e Juiz de Fora. Formou-se Bacharel em violino na Faculdade Santa Marcelina em São Paulo, no ano de 1991.
Foi violinista das Orquestras Sinfônica Municipal de São Paulo (1992 – 2003), e Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo (1993 – 98), além de atuar em diversas formações de Grupos de Câmara.
Foi professora de violino do Pensacola Christian College – Florida nos anos de 1994/95, época em que também começou a desenvolver o trabalho coletivo com o Método Jaffé. Até hoje, é professora de violino nos Festivais de Verão da universidade.
Obteve seu Honorary Doctors Degree nessa mesma instituição em 2013, pela importância musical e social de seus trabalhos.
Foi professora no Festival de Música de Santa Catarina (FEMUSC) e no Festival Internacional de Música de Londrina.
No coletivo, as Orquestras formadas por ela através do Método apresentam-se regularmente nos Estados de funcionamento do Projeto, e fora do Brasil em lugares como o Carnegie Hall em New York, o Teatro Colon na Argentina, entre outros. Além disso, a Orquestra/Projeto recebeu prêmios como a Salva de Prata da Cidade de São Paulo em 2008, o Prêmio Ana Paula Guimarães, concedido pelo Rotaract de São Paulo em 2009 e o Cartão de Prata da Cidade de Osasco, em 2012.
Com seu trabalho focado no ensino, direção pedagógica e artística, vemos os seus resultados através de seus alunos e ex-alunos, muitos hoje músicos profissionais, que estudaram ou estudam em importantes faculdades no Brasil como a USP, UNESP, UNICAMP, Santa Marcelina e também fora do Brasil – Alemanha, Áustria, Holanda, Inglaterra, França, Portugal, Estados Unidos, e outros tantos que ocupam hoje cargos nas mais diversas orquestras profissionais e grupos de câmara no Brasil e fora, como o Hunt Quartet em Wisconsin, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, a Sinfônica de Minas Gerais, New Mexico Philarmonic, Orquestras de São José dos Campos, São Caetano, Santo André, Santos, entre outros e ainda através dos que seguiram a carreira pedagógica no Brasil e no exterior, como professores(as) e maestros(as).
Priscila Santana
Priscila Santana, natural de Salvador-Bahia, é mestra em educação musical pela Universidade Federal da Paraíba. Coordenadora musical da Special Music School, escola pública especializada em música, e professora de flauta transversal/música de câmara no UpBeat, projeto inspirado no El Sistema no South Bronx. Ambas atividade em New York City, Estados Unidos, onde reside atualmente.
Priscila atua como maestrina, educadora, gestora e pesquisadora em música com enfoque nas discussões de classe, gênero e raça dentro do universo orquestral. No Brasil, ela era maestrina e diretora artística/pedagógica do Prima, Programa de Inclusão Social Através da Música e das Artes, na Paraíba que beneficia mais de 1.500 alunos em todos o Estado.
Ela já gravou e se apresentou com grandes nomes da música popular mundial como: Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Maria Rita, Mercedes Sosa, Suzana Bacca, Margareth Menezes, Orquestra Rumpilezz etc e se apresentou em três continentes junto a Orquestra Sinfônica Juvenil da Bahia ( Neojiba), em turnês aclamadas pela crítica em vários países da Europa e nos Estados Unidos, acompanhando grandes nomes da música clássica incluindo Lang-Lang, Jean-Yves Thibaudet, Maria João Pires, Shlomo Mintz entre outras. Priscila é co-fundadora do Movimento Som das Binha em Salvador, a primeira jam session no Brasil formada somente por mulheres com repertório feminino e administra o Kilomba, coletivo de mulheres negras brasileiras nos Estados Unidos.
Magali Kleber
Dra. Magali Kleber, graduada em piano, especialização em piano na EMBAO, mestrado na UNESP, doutorado em educação musical n UFRGS e pós-doutorado em etnomusicologiaUFRJ. Sua tese de doutorado foi indicada para o mais importante prêmio da Fundação Brasileira “Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)”, sendo uma das referências na área de projetos sociais em educação musical. Atualmente, como professor aposentado, o Dr. Kleber atua como consultora de políticas públicas na área de educação musical, bem como organizador e palestrante em conferências e seminários. Foi Presidente da Associação Brasileira em Educação Musical ABEM 2009 a 2013; membro da ISME desde 2002 e membro da Community Music Activity Commission ; Eleita Membro do Conselho de Executivo da Internacional Society for Music Education ISME (2016- 2020) comprometida com a implementação do Novo Estatuto Social e com a expansão do quadro de associados brasileiros no ISME. Diretora Pedagógica do Festival de Música de Londrina. Foi curadora da primeira Bienal Brasileira de Música e Cidadania, 2017, proposta pela Fundação Nacional de Artes. Ela publicou artigos em várias revistas especializadas e contribuiu com Capítulo em vários livros que abordam questões como educação musical e justiça social, inclusão, diversidade cultural e políticas públicas. Recentemente, ela publicou um artigo enfocando os Desafios Brasileiros para a Educação Artística no Anuário Internacional de Pesquisa em Educação Artística no Mundo: Pesquisa Comparada Sete Anos após a Agenda de Seul, bem como um Capítulo enfocando ONGs brasileiras no The Oxford Handbook of Children’s Musical Cultures, editado por Patricia Campbell e Trevor Wiggins.